Educação Escolar de pessoas com surdez
Professores
e outros estudiosos estão sempre realizando reflexões sobre a escolarização de
pessoas com surdez. Estudantes oralistas reivindicam melhoras nas estratégias
de ensino que favoreçam o desenvolvimento e melhoras no processo educacional. A
escola tem um papel muito importante na inclusão desses indivíduos na
sociedade, mas ainda falta muito para que estes tenham seus direitos
respeitados, pois a cada dia são submetidos a modelos conservadores que pouco
contemplam as diferenças, as abordagens oralista e comunicação total
são presentes em muitas instituições.
Diferentes
concepções vêm ganhando destaque diante de muitas lutas, como o direito de
frequentar a escola comum assegurado pela política de Educação Especial em
Perspectiva da Educação Inclusiva, o Atendimento Educacional Especializado, e o
reconhecimento da Língua de Sinais como materna. Aos poucos junto a esses
direitos adquiridos, visando capacitar a pessoa com surdez para a
utilização de duas línguas no cotidiano escolar e na vida social, a de
sinais e a da comunidade ouvinte, começa a se fazer presente a abordagem
bilíngue. Esta concepção tem demonstrado corresponder a necessidade dos alunos
com surdez, por respeitar a língua natural e propiciar um ambiente
favorável a aprendizagem escolar, porém nos deparamos com muitas falhas nas
práticas pedagógicas.
Segundo
Damázio (2007, p. 21):
As práticas pedagógicas
constituem o maior problema na escolarização das pessoas com surdez. Torna-se urgente, repensar
essas práticas para que os alunos com surdez, não acreditem que suas
dificuldades para o domínio da leitura e da escrita são advindas dos limites
que a surdez lhes impõe, mas principalmente pelas metodologias adotadas para
ensiná-los.
As
inúmeras reivindicações tem levado à novas ações, que muitas vezes não são tão
positivas, pois muitos apenas realizam matricula desses educandos apenas por
cumprimento da lei, deixando pra trás de fato a inclusão do aluno no meio
social, onde ele possa ter a liberdade de expressão, de absorver e compartilhar
conhecimentos. A chegada de pessoas com surdez na escola regular ainda
provoca muita inquietação, a primeira atitude de muitos, sem mesmo tentar
conhecer o educando, é a negação por não saber lidar com a situação, por não
saber Libras, e aí começam a grande procura por um intérprete e ou outros
profissionais, porém há pouca inquietação para mudanças nas práticas
pedagógicas.
De acordo
com Damázio (2010, p. 8):
...Torna-se urgente
repensar a educação escolar dos alunos com surdez, tirando o foco do confronto
do uso desta ou daquela língua e buscar redimensionar a discussão acerca do
fracasso escolar, situando-o no debate atual acerca da qualidade da educação
escolar e das práticas pedagógicas. É preciso construir um campo de
comunicação e de interação amplos, possibilitando que a língua de sinais
e a língua portuguesa, preferencialmente a escrita, tenham lugares de destaque
na escolarização dos alunos com surdez, mas que não sejam o centro de todo o
processo educacional.
Uma
educação igualitária que vise o reconhecimento e valorização das diferenças,
que beneficie tanto quem tem uma necessidade específica como também quem não
tem, requer melhoras nas metodologias de ensino. Fazer a verdadeira inclusão de
pessoas com surdez acontecer vai além de se pensar apenas em pequenas
adaptações, o fazer é bem mais intenso, não é só com um interprete, um aluno e
ou um professor dominando a língua de sinais. É importante que este ambiente
veja e respeite este aluno na sua singularidade ofertando práticas pedagógicas
de qualidade, refletindo a desconstrução de modelos cultural social.
DAMÁZIO, M. F. M.;
FERREIRA, J. Educação Escolar de Pessoas com Surdez-Atendimento
Educacional Especializado em Construção. Revista Inclusão: Brasília: MEC,
V.5, 2010. p.46-57.
DAMÁZIO, M. F. M.; ALVES, C. B. Atendimento
Educacional Especializado do aluno com surdez. Capítulo 2. São Paulo:
Moderna, 2010.
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